quarta-feira, março 19, 2008

O Coração do Universo

"Certa vez, muito tempo atrás, o Fogo se apaixonou pela Água. Uma paixão tão intensa que queimava e consumia tudo ao redor, criando vulcões e rios de lava incandescentes.
A Água, lisonjeada pela ardência de tamanha paixão, queria dar uma chance à seu elemento oposto, mas sempre que os dois se tocavam, explodiam em nuvens de vapor. Os dois amantes eram incapazes de manter o toque um do outro.
Entristecido por causa do amor proibido, o Fogo lamentava seu sofrimento. O Ar, que passava ventando ali por perto, viu o elemento resmungando e perguntou o que havia. O Fogo lhe contou sobre sua paixão impossível pela Água.
Comovido pela situação do amigo, o Ar se dispôs a ajudar:
“Fogo”, disse o Ar, “eu posso ajudá-lo a concretizar seu amor pela Água, mas pra isso você teria que abrir mão de sua própria essência. Você sacrificaria as suas chamas, o seu calor infernal pelo seu amor?”
“Sim”, respondeu o Fogo, “Sim”, repetiu.
E então, o Ar se aproximou da Água e começou a ventar muito forte, soprando sem parar o elemento líquido para cima do elemento flamejante. O Ar era puro vento, mais intenso que o mais forte dos furacões; tão intenso que abafou o calor do Fogo; tão intenso que congelou a Água; tão intenso que uniu os dois elementos opostos.
Quando o Ar parou de soprar, o Fogo reacendeu infernal, flamejante como sempre. A beleza líquida da Água voltou a inundar tudo em volta. Mas ali, bem no meio onde os dois elementos opostos haviam se unido, estava a prova eterna de seu amor. Congelada para sempre no formato de um coração estava uma chama. A chama que unia o Fogo e a Água. A chama congelada de um amor impossível.

Dizem que a chama congelada em forma de coração caiu no nosso mundo. Os que já a encontraram afirmam que ela tem um poder quase infinito. Um poder imensurável, o poder do amor. O poder capaz de curar qualquer ferida, qualquer Mal. O poder de trazer a felicidade. Dizem que essa chama congelada é o próprio Coração do Universo."

-Conto escrito por Ultra Gameboy

quinta-feira, março 06, 2008

Nós somos hipócritas. Não sabemos ser educados e nem conseguimos aceitar uma crítica.
Sabemos que somos macacos, mas negamos esse fato, pois temos que ser seres com cérebro super desenvolvido. Somos arrogantes.
Nós nos vestimos com roupas caras para obter prestígio, concorremos para ver quem possui o carro mais "moderno", atropelamos colegas de trabalho por aquela promoção que vai pagar o empréstimo pessoal que você fez no mês passado, justamente para comprar aquele laptop ou iPod, só porque um conhecido seu comprou primeiro. Nós odiamos e sentimos inveja.
Vendemos coisas que nos são inúteis para pessoas que farão algum uso real desse objeto, pois a partir do momento que alguém se interessa pelo que temos, conseguimos a atenção e o poder que nos dá a alegria fútil e sensação de grandeza que tanto precisamos, então é claro que não vamos dá-lo.
Se estamos sozinhos, não damos esmola. Se estamos acompanhados, esvaziamos a carteira no mesmo mendigo que foi chutado na boca no dia anterior por nossos sapatos polidos.
Nós escrevemos textos como esse para passar uma sensação de indignação mas, na verdade, o que estamos fazendo é tentar escrever um texto bom o suficiente para recebermos elogios e possivelmente conseguir algo com o sexo oposto (não no meu caso, eu namoro muito bem, obrigado)
"Somos ao mesmo tempo as mais belas e mais feias criaturas do universo", ouço dizer em vídeos e textos que encontro por aí. E querem saber? É verdade.
Deus (aka. Buda, Alá e tantos outros) nos amaldiçoou com a consciência. Nós não temos desculpa.
Nós matamos, roubamos, furtamos e odiamos, e sabemos muito bem que fazemos isso.

Não sei ao certo porque escrevi esse texto hoje. Estou feliz, tenho pessoas que me amam ao meu lado, uma casa, um emprego e comida na minha mesa, mas senti uma necessidade absurda de dissertar algo "metendo o pau" em todos nós. Com fundamento ou não, está aí.
E adivinhem só? Mas é CLARO que eu me senti ótimo escrevendo isso, porque é muito fácil criticar.
O difícil é solucionar.