Ela era sem-teto, com certeza. Falou um monte de coisas (não entendi a maioria) legais, como o fato de que ela já morou em Israel, aprendeu italiano, espanhol e arranha um pouco de inglês.
Então um espertinho virou para a senhora e disse: "Ah, tia, então fala um pouco de espanhol aí."
O que o trouxa não sabia é que a senhora estava falando a verdade. Ela começou a gargalhar (meu Deus, a risada dela parecia com a de "Rhea do Cöos") e, então, disse umas frases tão perfeitas em espanhol, que ela parecia o Tevez dando entrevista pra televisão Argentina.
O trouxa se calou e então ela disse que estava com frio e que não sabia chegar na Avenida Angélica, que era seu destino.
O mais triste de tudo é que eu também não sabia, e não pude ajudá-la.
Acho que a nossa conversa durou uns 10 minutos, mas só lembro dessas poucas frases dela. O que mais me marcou foi o fato de, mesmo estando com apenas um tímido casaco de seda com uma calça de moletom e não ter um só dente na boca, ela dava risada. E dava risada. Não se importava com o fato de que as pessoas estavam rindo dela, ou com o fato de ela não ter a mínima idéia de como chegar na Avenida Angélica. Ela dava risada. Ela era feliz.
E, vendo isso, eu também fiquei feliz.
PS: Essa não é a mesma senhora, mas uma muito parecida.